quarta-feira, 25 de maio de 2016

Nota sobre quando a arrogância te empurra de cima do muro


Publicado no Facebook em 27 de Outubro de 2014

Tenho visto no meu feed algumas opiniões bem radicais sobre o resultado das eleições para presidente, construídas aparentemente por muita leitura de memes e sacadinhas de twitter, que seriam até muito bem aceitas em alguns grupos de pessoas, já em outros grupos seriam classificadas como aquilo que Jean-Paul Sartre referiu-se como nada.
Mas serei mais simplório no meu relato, porque, ao que parece, levo minha vida às custas de quase metade da população brasileira que, ao contrário de mim, trabalha. Então prefiro me fazer entender para que essas pessoas, que se autodenominam elite, possam saber que o suor do seu esforço e a energia dos seus aparelhos de ar-condicionado no escritório estão sendo bem empregados na minha educação.
Antes que pensem e digam mais besteiras, saibam que para ser um esquerdista caviar, só me faltam duas coisas:
1 - Ser de esquerda
2 - Ver um caviar de perto.
Cheguei até o último minuto das eleições, sem convicção do meu voto, embora já tivesse a certeza dele há algumas semanas. Naveguei dos dois lados, fiz o advogado do diabo (dos dois diabos) inúmeras vezes desde o final do 1º turno. Pesei os prós e os contras e tomei minha decisão de voto.
Tomei partido.
E minha escolha se fez convicção no primeiro minuto após o anúncio da vitória da candidata a reeleição. Já nas primeiras manifestações de ódio no Facebook e Twitter, o discurso da intolerância, do preconceito e da vontade de gritar sem porra nenhuma a dizer (vindos principalmente de pessoas com opiniões políticas menos bem preparadas que uma macarronada feita por um Neosoro) fizeram eu ter certeza de que apoiei o candidato certo.
Tendo seu voto vencido ou não, estamos no mesmo navio, e por mais que haja pessoas com iates para pular fora caso ele afunde, votei pensando naqueles que nem jangada tem, porque, quando a fome aperta, não dá pra raciocinar com quantos paus se faz uma canoa.

Sertão de Sergipe - Janeiro de 2014

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