segunda-feira, 20 de abril de 2015

Questão de perspectiva


Impressionante que, como de todas as pessoas que cruzam nosso caminho, de todas as pessoas que vêm e vão, são pouquíssimas as que conhecem a gente como a gente realmente é.

E quando falo a gente, falo daquele eu de verdade, aquele eu todo particular, que só aparece nos momentos mais íntimos, aquele eu sem armas e armaduras; aquele eu do chuveiro aberto, do carro fechado e do elevador vazio. Aquele eu que perde o sono na madrugada, aquele eu mais simples, que fala com o espelho, do eu que se emociona ao citar o passado, ou que irradia inocência quando flerta com o futuro.

Com quantas pessoas você pode compartilhar esse eu que só você conhece e desfrutar dos mais belos e raríssimos momentos de entrega total do ser humano. Colocar pra fora seu arsenal de piadas sem graça e trocadilhos infames. Todos os seus preconceitos e opiniões mal formadas. Compartilhar os bastidores desse espetáculo de vida que a gente apresenta nas redes sociais.

Pra quem você pode abrir os braços e dizer "Cara, to aqui, sou isso e é isso aí."

Não é preciso me conhecer tanto para saber que tenho o hábito de afrouxar as rédeas de vez em quando. Que me permito não nadar contra a maré, e que solto as mãos do guidom, do leme, do que-quer-que-seja só pra sentir o vento batendo na cara. Acredito que, uma vez ou outra, ser passageiro pode ser a forma mais surpreendente de chegar em algum lugar.

Outro dia, tornei a soltar as mãos da direção do carro, mas, dessa vez, não fiz pelo motivo acima. Fiz porque a vida não é feita apenas de venha a nós, mas também de ao vosso reino. E seria desumano não compartilhar com o mundo, o milagre que tem sido viver ao lado dela.

Logo, em um fim de semana tipicamente carioca, de céu azul e asfalto quente, soltei o volante mais uma vez, peguei o celular, selecionei a câmera e registrei um pouco de um ângulo exclusivamente meu, mas que vocês precisavam conhecer.

O destino não importa, a beleza está no caminho.
Mais especificamente, está ao meu lado.
Exclusivamente nessa perspectiva.
Particularmente minha.



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