Há exatos
15 anos, ao meu lado, em uma sala de espera, minha avó não dizia nenhuma
palavra compreensível. De cabeça baixa e olhos marejados, ela apenas sussurrava alguns pedidos aos
ouvidos de Deus.
(Desconfio nunca encontrar mulher mais próxima de Deus do que minha vó.)
(Desconfio nunca encontrar mulher mais próxima de Deus do que minha vó.)
Do outro lado
da sala, meu pai(drasto) Américo caminhava em círculos e, vez por outra, parava
aos pés de uma imagem de Sant’Ana para buscar conforto.
Minutos
depois, outra Ana estava entrando em um sala de cirurgia, a Cristina, minha
mãe, que estava indo dar a luz a mais uma Ana, a Caroline, minha irmã.
(E meu pai, teria pela segunda vez, a sensação de ser pai pela primeira vez)
(E meu pai, teria pela segunda vez, a sensação de ser pai pela primeira vez)
Não lembro
se os adultos me situaram dos riscos e preocupações, mas acho que ouvi nas
palavras inaudíveis da minha vó, e enxerguei no caminhar inquieto do meu pai que a situação não era
tão simples como eu imaginava.
Eu tinha
apenas 11 anos, e apesar da minha cabeça estar mais próxima do chão naquela
época, ela vivia em lugares bem mais altos e distantes que os de hoje.
Na minha
visão era tudo muito simples: nós iríamos a um hospital, minha mãe tomaria uma
injeção, dormiria, abririam sua barriga, tirariam minha irmã, fechariam sua
barriga, minha mãe acordaria, cuidariam delas por mais dois dias, depois iríamos
pra casa e pronto. Após 11 anos eu deixaria de ser filho único e ganharia alguém pra vida inteira.
Fácil, né?
E foi. Graças a Deus.
Lembro que
me ergueram na hora exata em que o mundo ganhou a minha irmã de presente. Foi
uma das cenas mais impressionantes que já vi na vida.
Minha vó,
minha mãe e eu havíamos passados momentos difíceis pouco tempo antes, e aquele
choro foi para todos nós, a prova de que a vida tinha voltado aos trilhos.
Alguns minutos após o parto, minha irmã cansou de chorar, abriu os olhos e então foi sua vez de ganhar o mundo de presente.
Os dias passaram como minutos, os anos como horas e, de repente, cá estamos, vendo essa menina completar 15 anos, e sofrendo todos
os tormentos da idade; a formação da personalidade, os anseios, os garotos, as boybands, o início das dúvidas sobre carreira e claro, as inúmeras certezas – E convenhamos, ninguém vai ter tantas certezas quanto aos 15 anos.
(Talvez aos 18, mas essa é outra história)
(Talvez aos 18, mas essa é outra história)
Por hoje, te desejo
toda a felicidade do mundo, desejo também que você continue sendo essa menina
carinhosa e inteligente, e que aprenda desde cedo a estudar a vida, compreenda que cada erro e acerto é uma aula. Não perca sua determinação.
Você não sabia disso na época, talvez não saiba disso até hoje, mas você quis ter como primeira palavra meu nome, que não é dos mais fáceis para se pronunciar.
Você não sabia disso na época, talvez não saiba disso até hoje, mas você quis ter como primeira palavra meu nome, que não é dos mais fáceis para se pronunciar.
Em algum momento você colocou na sua cabeça que chamaria seu irmão de Vinícius e assim o fez. Bastou você balbuciar “I-íciu” para mudar todo o meu
mundo.
Por isso, não perca sua determinação. Você ainda vai mudar o mundo de muita gente por aí graças a ela.
Por isso, não perca sua determinação. Você ainda vai mudar o mundo de muita gente por aí graças a ela.
Principalmente o seu.
Te amo!
Te amo!